8 de mar. de 2007

Guy Joseph - Missionário Documental e Expedicionário Iconográfico da Paraíba

Evandro da Nóbrega*

Acamaradamo-nos, nós e o Guy Joseph, desde meados dos anos 1960. Fizemos questão de manter a amizade (sem arrufos até agora) por várias razões de peso, dentre as quais há que ressaltar seu talento, profissionalismo, bom humor, bom caráter, senso de responsabilidade social. Designer gráfico, fotógrafo de mão cheia, artista plástico, Guy sempre se destacou nos meios de Comunicação como um quadro ativo, criativo e proativo. Paraibanófilo até onde se pode ser, criou a logomarca para o motto ou dístico "Sou Paraíba e não nego", de autoria do poeta e compositor Marcos Maia. E, de uns tempos a esta data, iniciou louvável tarefa: a de registrar com suas lentes mágicas as mais importantes riquezas de nosso patrimônio histórico, natural, artístico, arquitetônico, religioso e o que mais tivesse valor e caísse sob suas objetivas.

Mentimos: "caísse", não — porque, na esmagadora maioria das vezes, o Guy tem que muito ralar, ir atrás, correr contra o prejuízo, dirigindo seu próprio carro, até chegar ao mais remoto Interior onde se encontre algo que deva ser preservado para as gerações de hoje e os pósteros. Nesta benemérita missão, conta com a compreensão e ajuda sinérgicas da esposa Maria Helena e das filhas Luíza e Laura, as quais também já disparam seus próprios clicks com rara habilidade — Helena por osmose; Laura & Luíza por aquilo de filhas de gato gatinhas serem.

Às vezes Guy também viaja em companhia de outras jóias raras da Cultura paraibana, como Petrônio Souto e Clotilde Tavares, para não falar de sua irmã Myrta e de seu cunhado francês (marido desta), Christian Barbé, os quais, residindo na França, por três vezes integraram as Expedições guyescas, numa forma de melhor aproveitarem as férias na Paraíba. Myrta e Christian, como ressalta Guy, “foram grandes incentivadores de nosso trabalho”. Tanto que a foto deles — clicada no Engenho Corredor, onde nasceu e viveu o grande romancista brasileiro José Lins do Rego — se acha no site em que Guy faz o account internético de suas peregrinações fotointerioranas.

Como esses amigos e muitos outros mais, Guy nunca deixa de se impressionar com o lastimável estado de preservação da maior parte de nosso patrimônio, em praticamente todas as áreas. E, nas sucessivas viagens da expedição de registro-denúncia — denominada justamente "Expedição Terra da Gente Paraíba", com duração de quase três anos, pois se iniciou informalmente em 2003 e se estendeu até meados de 2006 —, reuniu tão vasto material iconográfico que tinha mesmo era que partir para a publicação de um livro, levando a público mais amplo o resultado dessa insatisfação artisticamente trabalhada.

Ademais, Guy Joseph não se limita a fotografar, o que já seria admirável por si só, pela sensibilidade que agrega à Arte: mantém na Internet um diário — no URL www.terradagenteparaiba.com — relatando incríveis aventuras adicionais resultantes desse seu trabalho de incansável e onipresente missionário preservacionista e expedicionário fotovideoiconográfico. Nesse afã, percorreu grante parte do território paraibano, “fotografando as peculiaridades da terra, da gente e da cultura” de vários municípios, em todas as nossas microrregiões.

Ah, em tempo: Terra da Gente Paraíba é também o título do livro-álbum do Guy Joseph, que, paradoxalmente, em sua entranhada modéstia, considera-se não mais que um simples “lambe-lambe digital”, ora vejam só!

Por isto tudo é que o trabalho desenvolvido por Guy, com seriedade e rigor artístico, só pode nos deixar muitíssimo orgulhosos — tanto mais à vista desta maravilhosa realização iconográfico-editorial que é seu livro contendo as obras-primas do material selecionado ao final da Expedição. Parabéns, Guy. Parabéns, Paraíba. Parabéns, gente da terra paraibana.

*Evandro da Nóbrega - Escritor, jornalista, editor.
Texto extraído do livro, Terra da Gente Paraíba

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